Problema comum, as varizes afetam quase metade das mulheres e 37% dos homens, segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV). E, embora o tratamento tenha baixa complicação e a cirurgia não seja considerada de risco, muitas pessoas ainda têm medo de operar as varizes. “Houve uma evolução muito grande nos tratamentos e aquele estigma de parecer uma múmia, em que a pessoa deve ficar de 30 a 40 dias de pernas para o ar e em repouso, não existe mais. Na verdade, raros são os casos em que precisamos de mais de quatro dias de afastamento das atividades”, explica a Dra. Aline Lamaita, angiologista e cirurgiã vascular, membro da SBACV.
Segundo a médica, cada caso requer um tipo de tratamento, que pode ser por meio da escleroterapia (substância química injetada dentro da veia), uso de lasers e radiofrequências, ou procedimentos que combinem as técnicas, além das cirurgias, que também podem ser indicadas.
Mas mesmo em casos cirúrgicos, o paciente não deve se preocupar, afirma a médica. “A fantasia de múmia foi substituída por uma meia cirúrgica que já é colocada no ato cirúrgico. A maioria dos pacientes não precisa de analgésicos no pós-operatório e a cirurgia não é dolorosa. As incisões, mesmo para veia safena, são muito pequenas, não deixando cicatrizes na pele”, comenta.
Além disso, a médica afirma que, no ato operatório já é realizada escleroterapia — aproveitando a anestesia e adiantando o tratamento estético dos vasinhos. “A anestesia é segura, e em alguns casos é possível fazer o tratamento da safena com anestesia local”, acrescenta. O tempo sem exposição solar varia de 30 a 90 dias, dependendo da cicatrização do paciente, mas a médica ressalta que hoje existem medicações, cremes e nutracêuticos aliados para acelerar esse processo e evitar as manchas pós-operatórias. “O melhor de tudo é que não é indicado repouso. Mas deve prevalecer o bom senso: evitar exageros com esforços desnecessários já é suficiente para uma boa recuperação”, comenta a médica.
Tratamentos
Quer saber mais sobre os novos tratamentos contra as varizes? A angiologista Dra. Aline Lamaita explica:
Cirurgia convencional — “É feito um corte pequeno (0,5 cm) no tornozelo e outro em torno de 2 a 3 cm na virilha. Pelo corte do tornozelo é introduzido um aparelho que se chama fleboextrator, que vai correr pela safena e ser exteriorizado pela virilha. Depois esse aparelho é arrancado juntamente com a veia”, explica a médica. Quanto à vantagem, a médica diz que é o método mais realizado no Brasil, consagrado e com bons resultados.
Endolaser e radiofrequência — “Sem cortes, a veia safena é puncionada e uma fibra é colocada através de um introdutor dentro dela. A ponta da fibra é posicionada na virilha (guiada por ultrassom). A outra extremidade da fibra é então conectada a um aparelho de laser ou radiofrequência que vai liberar uma energia que queima a veia. A fibra então é retirada lentamente enquanto a veia vai sendo cauterizada em todo o segmento a ser tratado. O interessante é que a veia não é retirada, ela vai ser queimada e se transformar em um cordão fibroso (uma cicatriz) não participando mais da circulação das pernas”, comenta. A vantagem? Recuperação mais rápida, menos hematomas, sem cortes. “De 4 a 6 dias para retorno as atividades”.
Espuma Densa — “A espuma densa é uma mistura de ar ambiente com um produto chamado polidocanol. Feito com duas seringas e uma torneirinha de rosca, esse produto é então aplicado na veia a ser tratada, sempre guiado por ultrassom para acompanhar a progressão do produto. Conforme a espuma entra em contato com a parede do vaso, ela vai criar um processo inflamatório intenso que vai cicatrizar a veia que se tornará um cordão fibroso e desconectará essa veia da circulação”, explica. Quanto à vantagem, esse é um procedimento simples, realizado apenas uma injeção e sem necessidade de internação hospitalar. “Como o processo inflamatório é intenso, existe um risco alto de manchas e o processo de cicatrização pode ser bastante incômodo em alguns casos”, afirma.
ClaCs — “Procedimento indicado para varizes e microvarizes, o Clacs une laser não-invasivo e injeções de glicose. Após a utilização do laser, a glicose é aplicada na veia (que já está sensibilizada com o disparo do laser). Com o disparo do laser, o fluxo de sangue fica lentificado e permite que a glicose permaneça mais tempo em contato com o vaso — que vai secar. No geral, até 3 sessões são suficientes para resolver o quadro, em intervalo mensal. A grande vantagem é ter chance “zero” de alergia, menor taxa de manchas e de complicações. “Mas converse sempre com seu angiologista para definir a melhor forma de tratar as suas varizes, pois vai depender de cada caso”, finaliza.
FONTE: Dra. Aline Lamaita Cirurgiã vascular e angiologista,